Entrevista

 

O pesquisador Dr. Sílvio Vieira de Andrade Filho dá respostas às perguntas mais freqüentes relacionadas a seus estudos que resultaram no livro científico "Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de Seus Arredores", ISBN: 85-89017-01-X, 2000, Secretaria da Educação e Cultura de Sorocaba

 

01. Primeiramente, poderia citar, mesmo que seja de memória, as disciplinas e os orientadores de seus vários cursos de pós-graduação?

 

(I) No curso de Filologia Românica da Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) em 1968-1969, desenvolvi um estudo contrastivo do sistema temporal das línguas românicas.

Orientador: Dr. Isaac Nicolau Salum

 

(II) Como bolsista do Instituto de Alta Cultura de Lisboa em 1972, estudei Dialetologia da Língua Portuguesa.

Orientador: Dr. Luís Filipe Lindley Cintra.

Como bolsista, pude

(a) manter contato com a Língua Portuguesa das várias regiões de Portugal bem como com a população, com o folclore e com a História de Portugal.

(b) resenhar em Lisboa vários livros no Centro de Estudos Filológicos, na Biblioteca Nacional e na Faculdade de Letras.

(c) resenhar na Faculdade de Letras de Lisboa várias teses etnográfico-lingüísticas que me serviram de modelo por serem importantes para os novos rumos da Dialetologia Portuguesa.

(d) resenhar na Faculdade de Letras de Lisboa vários inquéritos lingüísticos.

(e) tomar conhecimento de transcrição fonética no Instituto de Fonética de Lisboa.

(f) organizar uma antologia de textos dialetais.

 

(III) Mestrado em Lingüística voltada para a Língua Portuguesa na PUC de Campinas no período 1982-1986.

Disciplinas com base principalmente nas teorias de Chomsky: Pragmática, Estrutura Sintática do Português, Teoria Sintática Geral, Fonética e Fonologia, Semântica, Lingüística Textual, Modelos de Descrição Lingüística, Lingüística Aplicada ao Ensino do Português, Estudos de Problemas Brasileiros, etc.

Dissertação de Mestrado: "Definido? Uma proposta textual para descrição do "O" em Português"

Orientador: Dr. Antônio Suárez Abreu

Co-orientador: Dr. John Watson Martin

 

(IV) Doutorado na Faculdade de Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP) no período 1987-1993, Departamento de Semiótica e Lingüística Geral.

Disciplinas: Proficiência em Espanhol, Análise de "Vidas Secas" numa abordagem lingüística, Sintaxe, etc.

Tese de Doutorado: "O Léxico Africano do Cafundó". Com o prosseguimento dos estudos, este título evoluiu para “Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de Seus Arredores” (livro cuja primeira edição data do ano 2000 e cuja segunda edição data de 2009)

Orientador: Dr. Izidoro Blikstein

Observação - O aumento dos assuntos tratados neste livro levou o autor a deixar mais abrangente a redação do título que, ficou assim: "A Formação de Alguns Municípios da Região Administrativa de Sorocaba com as suas Propriedades Rurais, com os seus Escravos e com o seu Folclore. Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de Seus Arredores". Apesar de não constar na capa, este título ampliado já foi mencionado na apresentação do autor na segunda edição deste livro (2009 : 05) bem como no livro "Notas e Documentos Complementares" (2015 : 19).

 

 

02. Como surgiu a idéia de fazer o livro "Um Estudo..." e quais as suas fases?

 

Tendo concluído o Mestrado em Lingüística em 1986 na PUCCamp, considerado um dos mais atualizados cursos do Brasil e cursando as matérias do Doutorado na USP, percebi que estava diante de uma rara oportunidade para desenvolver estudos sobre pontos da região de Sorocaba, município onde eu moro e que muito admiro e estimo. Estava, portanto, bem próximo das pessoas e dos documentos necessários ao meu Doutorado.

Com muito ânimo e com a crença de que estava dando a minha contribuição para os estudos da mencionada região, de 1988 até hoje, visitei assiduamente vários de seus pontos onde pude estabelecer contatos com muitos colaboradores.

Em 1992, fiz uma comunicação sobre os meus estudos ao Congresso de Estudos Africanos realizado na Universidade de São Paulo e organizado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

De 12 a 19.07.1992, houve a participação de Sílvio Vieira de Andrade Filho na 44a. Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) realizada de 12 a 19 de julho de 1992 na USP em parceria com a Associação Brasileira de Linguística (ABRALIN) presidida à época pela Dra. Diana Luz Pessoa de Barros quando Andrade Filho era orientando do Doutorado do Professor Izidoro Blikstein. Na ocasião, Sílvio desenvolvia trabalho linguístico sobre o Cafundó. Além de Sílvio, fizeram parte da mesa o Dr. Emílio Bonvini e as Dras. Margarida e Yeda Pessoa de Castro, todos especialistas em Linguística Africana (01.11.2020: Dra. Margarida Maria Taddoni Petter, Memorial).

No final do primeiro semestre de 1993, tendo eliminado todas as disciplinas do Doutorado, entreguei à gráfica da USP a minha tese de Doutorado denominada "O Léxico Africano do Cafundó" por abordar de início apenas o Cafundó e a sua fala "cupópia". No final do mesmo ano, a gráfica imprimiu alguns exemplares de minha tese só para os membros da banca examinadora. Neste ínterim, os estudos não pararam, tive novas idéias, descobri novos documentos, redigi novos textos resultantes de novos contatos com informantes, etc. para serem exibidos aos membros da banca e inseridos na tese posteriormente.

Em 09.12.1993, ocorreu a defesa de tese de Sílvio Vieira de Andrade Filho sobre a linguagem do Cafundó. A banca foi formada pela Dra. Margarida Maria Taddoni Petter e pelos doutores Fábio Rubens da Rocha Leite, Ignácio Assis Silva, Alceu Dias Lima e Izidoro Blikstein (orientador). Muitos dos que defenderam tese escreveram livros posteriormente (01.11.2020: Dra. Margarida Maria Taddoni Petter, Memorial).

A minha tese "O Léxico Africano do Cafundó" de 1993 consta na lista de teses do Centro de Apoio à Pesquisa em História "Sérgio Buarque de Holanda" (CAPH) da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP).

A minha tese "O Léxico Africano do Cafundó" de 1993 consta no repositório de teses da USP (http://repositorio.usp) na unidade da FFLCH com os verbetes: línguas africanas, Lingüística (teoria e análise), negros e cultura afro. Neste repositório, aparecem os nomes Izidoro Blikstein (orientador) e Sílvio Vieira de Andrade Filho (orientando).

A minha tese aparece no Banco de Defesas de Tese da USP do período 1937-2012.

Na defesa da tese em dezembro de 1993 com muitas inovações como a gramática gerativo-transformacional, a gramática textual na parte lingüística e os dois dicionários "cupópia"-português e português-"cupópia", fui muito sabatinado pela banca. Recebi desta também muitas orientações que, juntamente com as minhas novas idéias, muito auxiliaram / estão auxiliando na reformulação da minha tese. Nunca o estudo ficou à disposição do público e permiti que a imprensa fizesse apenas reportagens bem simples. No caso de reportagens sobre o Cafundó, sempre sugeri uma visão geral da comunidade com alguns moradores falando e um pequeno vocabulário da "cupópia" com tradução. Nas páginas da tese, os diversos autores de livros, artigos, etc. a mim indicados foram todos citados. Na tese, foram citadas também reportagens com fotos do jornal Cruzeiro do Sul de Sorocaba inclusive uma sobre o pesquisador Kubik que também esteve no Cafundó. Agradeço muito este jornal pela gentileza de deixar a minha disposição o seu excelente arquivo. Foi colocada também na tese grande quantidade de informações que Cida (líder do Cafundó) passou para mim. Terminada a bem sucedida defesa de tese, comuniquei a todos os membros da banca que estava reformulando a mesma e, imediatamente, levei um exemplar desta para a Biblioteca Geral da USP. Na capa, escrevi que estava dando continuidade aos estudos com muita motivação com o objetivo de escrever um livro tantas vezes solicitado a mim por pessoas do Cafundó e de outras comunidades negras da região que sempre apoiaram os meus estudos e a minha busca de documentos autorizada judicialmente.

Mais recentemente (1993), Sílvio Vieira de Andrade (Filho) defendeu uma tese de doutorado na USP sobre a linguagem do Cafundó. Trata-se de primeiro trabalho especificamente sobre a língua e não sobre aspectos culturais. O autor analisa todos os níveis gramaticais da "cupópia", ou seja, a fonética, a morfologia, a sintaxe, os campos semânticos. Por fim, apresenta um Dicionário cupópia-português e um Dicionário português-cupópia. O primeiro deles contém cerca de 317 entradas. Hildo Honório do Couto, "Resquícios de Africanismos Lingüísticos no Brasil", revista Papia da UnB, n. 13, 2003, p. 126.

Depois da defesa, uma vez com a tese em mãos, aperfeiçoei a redação de certos textos, inseri nesta resenhas de novos documentos forenses, cartoriais e eclesiásticos além de novos textos de informantes, de novos capítulos, de novos títulos, etc. A partir daí, a reformulação e as pesquisas só iriam acabar quando virassem livro. Tenho procurado e encontrado muitos documentos na Cúria Arquidiocesana de Sorocaba, no Centro de História da Família (CHF) da Igreja dos Mórmons de Sorocaba, no Cartório Rolim de Sorocaba, na comarca de Sorocaba, na comarca de Itapetininga e no Arquivo do Estado de São Paulo. Tenho feito também muitas pesquisas no Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS). A pedido do orientador, três exemplares da primeira tese reformulada de capa verde lhe foram enviadas para serem utilizadas em aulas da USP. Exemplares desta foram enviadas também a algumas universidades. Na ocasião, esta tese de capa verde já estava com título novo: "Um Estudo Sociolingüístico da Comunidade Negra do Cafundó".

Mesmo após a apresentação com êxito de minha tese de Doutorado em fins de 1993 à Universidade de São Paulo através de banca examinadora suficiente para fazer críticas e sugestões construtivas, os estudos, conforme projeto, não pararam. O meu envolvimento por estes e os incentivos de colegas e de professores universitários não me permitiram encerrá-los. Este fato foi manifestado por mim em eventos e reportagens logo nos primeiros meses após a mencionada apresentação.

Em 15.12.1993, surgiu a primeira notícia da tese no jornal sorocabano Cruzeiro do Sul: "Cafundó vira Tese".

Em 1993, no artigo inédito "A Contribuição do Estudo das Comunidades Negras Isoladas para a Caracterização do Português Brasileiro", Margarida Maria Taddoni Petter da Universidade de São Paulo fez referências a minha tese "O Léxico Africano do Cafundó", afirmando que o meu estudo fez o Cafundó voltar à cena.

De 1994 em diante, participei de muitas reportagens de alcance nacional, muitas destas a pedido de Cida (ver foto na pergunta 04 desta entrevista), líder do Cafundó que deu total apoio aos meus estudos.

Em 1994, convidei a Dra. Margarida Maria Taddoni Petter para visitar o Cafundó.

Em 13.08.1994, o jornal sorocabano Cruzeiro do Sul divulgou a manchete "Sai a lista de ganhadores do prêmio Assec". Na reportagem, meu nome aparece na lista dos ganhadores do prêmio da Associação Sorocabana de Eventos Culturais referente ao ano de 1994.

Em 14.10.1994, recebi o prêmio Assec - 1994 no Teatro Municipal Teotônio Vilela de Sorocaba.

Carinhosamente convidado, o componente da banca Carlos Vogt não compareceu à defesa de minha tese na USP em dezembro de 1993 para a surpresa e a decepção de todos. A sua ausência obrigou alguns membros da banca a voltarem para as suas cidades e a retornarem a São Paulo na semana seguinte com o membro da banca já substituído. Tomado por aquela síndrome que costuma atingir alguns professores universitários, o professor ausente, um dos participantes da "descoberta do Cafundó" que outrora já havia criticado o pesquisador Kubik, criticou a minha tese de 1993, o meu orientador, o jornalista Sérgio Dávila e o fotógrafo em espaço de opiniões de leitores da Folha de S. Paulo de 18.05.1995 por ocasião de uma reportagem na Revista da Folha de 14.05.1995 que teve dois momentos: um no Cafundó onde alguns moradores foram entrevistados pelo jornalista e outro na minha casa de Sorocaba onde eu fui fotografado, mas não entrevistado, pois o jornalista alegou precisar voltar logo à redação em São Paulo. É bom dizer que eu não costumo fazer críticas a jornalistas e nem a fotógrafos. Eu só tenho a agradecer-lhes pela divulgação dos meus estudos. A minha presença na referida reportagem da qual gostei muito ocorreu a pedido de Cida, líder do Cafundó que sempre me apoiou. Falecida em 1999, Cida (ver foto na questão 04 desta entrevista) sempre estava reclamando do mencionado ausente por seu longo sumiço do Cafundó. Eu não concordo com a crítica feita na Folha. Não comparecer à defesa da minha tese em 1993 e criticá-la em 1995 como se a tese estivesse parada no tempo, isto é, parada em 1993, não tem cabimento face às reformulações que eu fiz e vinha fazendo com a inserção de novos documentos. O local oficial e próprio para críticas deveria ser a sala da defesa da tese em 1993 e não uma página de jornal em 1995. Na ocasião da defesa da tese que já estava com todos os requisitos necessários, o ausente ficou sem saber as deliberações tomadas pela banca e os meus reais objetivos. Outro fato bastante estranho que é preciso ressaltar foi o ausente na crítica querer substituir o apelido do fotógrafo do mencionado jornal pelo nome real do mesmo.

Em 1995, eu redigi o "abstract" de minha tese que foi publicado pelo Boletim de Estudos Crioulos (BEC) n. 2, p. 14 do Departamento de Lingüística da Universidade de Brasília (UnB).

Em outubro de 1995, recebi carta do então prefeito de Salto de Pirapora João Abdala Marun cumprimentando-me pelas minhas pesquisas e pela minha amizade com o povo saltopiraporense.

O jornal sorocabano “Cruzeiro do Sul” fez várias reportagens sobre a tese depois da defesa da mesma em 1993 e, em 22.10.1995 em seu suplemento cultural "Mais Cruzeiro", noticiou a continuação e a reformulação desta na reportagem intitulada "Inevitável Diluição" de Helena Gozzano Micheletti que afirmou que Sílvio Vieira de Andrade Filho não deu por encerrada a sua missão no Cafundó. Nesta data, a tese já estava num ponto satisfatório para publicação com modificações e inovações.

Em 13.03.1996, o Centro de Estudos Africanos (CEA) da USP informou-me por carta que a reformulação de minha tese por mim enviada àquele centro foi anexada à tese antiga e que os professores nesta envolvidos já estavam informados.

A tese com o título novo "Um Estudo Sociolingüístico da Comunidade Negra do Cafundó" foi por mim enviada mais tarde para a Unicamp a pedido desta própria universidade através da secretária da Faculdade de Letras que me fez a solicitação telefonicamente. A recepção escreveu na capa: "Nova versão da tese". A referida tese traz a data de sua mais recente reformulação: 25.03.1996. Outros títulos surgiram posteriormente. A mencionada tese foi citada na bibliografia da primeira edição do livro de 1996 sobre o Cafundó do supramencionado ausente que não esclareceu que esta minha tese estava atualizada, com data nova e com nome novo. Assim, a referida citação na bibliografia do livro passou despercebida por muitos leitores. Tal citação seria pelo aproveitamento do meu estudo do morfema " ca- " e de suas variantes? Seria a tão esperada reconciliação? Seria pelo documento de Joaquim Manuel de Oliveira que dei de presente a uma professora dos Estados Unidos que me visitou primeiro e que depois visitou o ausente? Eu acredito que realmente houve a reconciliação.

Em 19.05.1996, a continuação dos meus estudos e a reformulação de minha tese voltaram a ser noticiadas numa reportagem do mesmo suplemento do referido jornal sorocabano com este título: "Fala Criada pelos Escravos Sobrevive em Pontos como o Cafundó". Depois, o jornal sorocabano continuou a fazer novas reportagens sobre a minha tese. Na mesma data em uma emissão radiofônica em ondas curtas em língua portuguesa especial para o Brasil e para países da África, a BBC de Londres colocou no ar a entrevista que lhe concedi. Nesta época, houve também muitas reportagens comigo na mídia em geral. É bom que se diga que as reportagens feitas comigo não estão todas aqui nesta resposta da pergunta número 02 desta entrevista. Todas as reportagens se encontram citadas na bibliografia do livro e na seção "Reportagens" deste site.

Em janeiro de 1998, recebi carta da Associação Afro-brasileira de Salto de Pirapora e Região em que esta expressa total apoio a minha pessoa e reconhece a minha assiduidade na região bem como a minha dedicação e o meu empenho em relação aos estudos.

Muitos dos que defenderam tese escreveram livros posteriormente (01.11.2020: Dra. Margarida Maria Taddoni Petter, Memorial).

Em 2000, depois de doze anos de visitas semanais ininterruptas ao Cafundó e região em trabalho científico e social, surgiu plena de novidades documentais a primeira edição do livro “Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de seus Arredores”, editado pela Secretaria de Educação e Cultura de Sorocaba. A previsão para a publicação do livro era de, no mínimo, dez anos. Desde que foram iniciados, os estudos nunca sofreram interrupção. Notícias do lançamento da primeira edição do livro em vários municípios da região podem ser vistas na seção "Reportagens" do espaço deste livro (primeira edição) dentro deste site.

Em 2000, o texto (da tese) foi publicado em forma de livro. Hildo Honório do Couto, "Resquícios de Africanismos Lingüísticos no Brasil", revista Papia da UnB, n. 13, 2003, p. 126.

No livro publicado em 2000 com repercussão muito positiva na mídia (jornais, revistas, canais de televisão, rádios, sites nacionais e internacionais), eu afirmei que, por fechamento de edição, não entrou grande quantidade de documentos. Afirmei também que, mesmo com o livro publicado, eu ainda estava continuando os estudos.

Logo depois que o livro foi publicado, comecei a escrever artigos para o jornal "Diário de Sorocaba" e para o jornal "Nossa Terra" de Itapetininga.

Notas posteriores

- Em 2004, dei por encerrada as minhas atividades no Cafundó, pois precisava de tempo para preparar a segunda edição do livro. Os números indicam que fui o pesquisador que permaneceu mais tempo nesta comunidade e que mais interesse teve por esta.

- Em 2009, depois de vinte e um anos de visitas semanais à região, surgiu com grande quantidade de documentos e fotos a segunda edição do livro considerada excelente e insubstituível por trabalho acadêmico de uma universidade européia. Esteve no lançamento do livro grande quantidade de cafundoenses e de membros de outras comunidades da região conforme atesta o livro de presenças do referido evento. Para mais notícias, veja neste site o espaço próprio desta segunda edição.

- Em 2014, eu fui citado numa questão do vestibulinho da Etec do Centro Paula Souza. A notícia completa está no meu site dentro da seção "Reportagens" na parte referente à segunda edição do livro "Um Estudo Sociolingüístico das Comunidades Negras do Cafundó, do Antigo Caxambu e de seus Arredores".

- Em 2015, o livro intitulado "Notas e Documentos Complementares" surgiu como complemento da referida segunda edição e de outros livros do autor. Veja neste site o espaço próprio deste livro.

- Sobre a opinião acima publicada na Folha de S. Paulo em 18.05.1995, é preciso dizer que comentaristas do mundo jurídico afirmam que a eternização de pessoas pela internet expostas através de matérias ou opiniões provenientes da mídia impressa que normalmente teriam curtíssima duração poderá ensejar legislação específica com responsabilização. Segundo tais comentaristas, não são poucas as vítimas enquadradas neste caso surgido com o advento da internet.

 

03. Existem problemas fundiários em alguns pontos da região focalizada pelo livro? Juridicamente, o livro é utilizado apenas por uma das partes?

Os interessados (membros de associações afro-brasileiras da região) que entraram com processos em órgãos governamentais (Itesp, Procuradoria Geral da República, Fundação Cultural Palmares e Incra) afirmam que sim. Os problemas, segundo os referidos interessados, ocorreram no passado. Por outro lado, há opiniões que contrariam os objetivos dos referidos interessados. O conteúdo do livro tem sido aproveitado tanto pelos referidos interessados como pelas partes em contrário. O aproveitamento das informações tem ocorrido também por parte de órgãos governamentais que lidam com as mencionadas questões. O uso do livro por todos indistintamente revela a imparcialidade do autor. A obra não é tendenciosa. Quero ressaltar que somente às autoridades competentes cabe solucionar satisfatoriamente ou insatisfatoriamente tais problemas para os interessados. O meu interesse ao elaborar este livro é somente histórico, sociológico, lingüístico e folclórico.

 

04. Poderia descrever a comunidade negra do Cafundó?

 

A área do Cafundó é de 7,8 alqueires para uma população de cerca de 80 habitantes, sendo que apenas 07 são usuários da fala africana denominada "cupópia", que é o traço africano principal. Fora isto, só a cultura rural comum em todo o Brasil. Há na comunidade basicamente duas famílias: os Caetano e os Pires Pedroso. Eles vivem em cerca de quinze casinhas de sapé. Hoje, a cobertura das casinhas já é de telhas de barro ou de amianto. Algumas casas são de tijolos, mas são bem simples. Há também duas igrejinhas de alvenaria. As mulheres do Cafundó trabalham em serviços caseiros. Algumas saem para trabalhar em casas de proprietários vizinhos ou de Salto de Pirapora (sede do município). Os homens saem para trabalhar como pedreiros ou nas lavouras próximas. A terra arenosa não é boa para o plantio. Apenas alguns plantam para si próprios (mandioca, feijão, milho, etc.). Há pouca criação de galináceos. Não há nenhuma venda para fora de sua baixíssima produção. Do município de Salto de Pirapora até o Cafundó devem ser percorridos 12 km de estrada asfaltada. Depois, mais um pequeno trecho de terra.

De um modo geral, no Cafundó, poucas famílias plantam em terreno quase todo arenoso e quando o fazem é somente para si e em pouca quantidade. O mesmo ocorre com as poucas criações de galináceos. Há uns anos atrás, uma família chegou a possuir uma cabra. Beirando as casas, podem ser vistos poucos gatos e cães. Não há criação de gado uma vez que a área é pequena, o terreno é arenoso e a plantação é também pequena. Em 1988, já eram poucos os casebres de paus trançados e barro. Quase todos já tinham coberturas de telhas de qualquer tipo. Em relação à situação das casas do Cafundó em 2004, fiz uma comunicação no Terceiro Congresso da ABECS. A notícia deste congresso ocorrido em outubro do referido ano na USP está neste site na seção "Reportagens" com o título "Globalização no Cafundó é destaque em congresso na USP".

Nota - Na foto, a usuária da "cupópia" Cida (1945-1999) e o autor em frente da casa de Marcos e Juvenil que já foi demolida

 

 

05. A comunidade negra do Cafundó pode ser considerada um quilombo?

 

Não. Quilombo, no sentido original da palavra, significa agrupamento de negros foragidos. Isto não ocorreu com o Cafundó. Esta comunidade foi iniciada por uma família de antigos escravos que antes trabalhava para os seus senhores e que, com a Abolição, se instalou com a devida permissão do proprietário deste no local que viria a ser chamado mais tarde de Cafundó.

É bom lembrar que a população do Cafundó nunca viveu no isolamento. Sua população sempre esteve em contato com os proprietários vizinhos e com os habitantes da sede do município de Salto de Pirapora. Por exemplo, no casamento do morador do Cafundó chamado Joaquim ocorrido em 1919, o padrinho foi o proprietário vizinho José Moreira de Campos. O Cafundó, como qualquer outro bairro rural, sempre foi conhecido de toda a população de Salto de Pirapora. Foi também conhecido desde os tempos antigos dos proprietários vizinhos do Cafundó que moravam em Sorocaba. Além disto, havia cafundoenses antigos morando também na cidade de Sorocaba, sendo, portanto, nesta também conhecidos por alguns.

Se de um lado houve comunidades que serviram de refúgio de escravos (quilombos), por outro, houve a formação de comunidades por negros originários de propriedades da região. Não foram no passado núcleos de resistência e nem receberam ataques com o objetivo de serem destruídas. O artigo 68 da Constituição do Brasil reza o seguinte: "Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras, é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos". Como podemos perceber, o referido artigo menciona somente "quilombos". Para efeitos constitucionais, quilombo deve ter sentido abrangente, devendo ser entendido como qualquer comunidade negra rural que agrupa descendentes de escravos vivendo da cultura de subsistência e onde as manifestações culturais têm forte vínculo com o passado africano. Como se vê, foi colocado de modo forçado um novo significado para a palavra "quilombo". As palavras podem receber novos significados, mas estes ocorrem de modo espontâneo e não por imposições de medidas provisórias, de legislação complementar, etc. No artigo 68, não é só a palavra "quilombo" que gera confusão. A palavra "Estado" deve ter sentido abrangente também, podendo referir-se ao governo federal, estadual ou municipal.

Portanto, quilombo verdadeiro é o local onde houve lutas de resistência de escravos contra os promotores da escravidão. Neste, havia produção agrícola para garantir a sobrevivência de seus habitantes. Por outro lado, encontramos definições fracas e equivocadas de "quilombo" como a que considera quilombo qualquer local que tenha algum vestígio de cultura africana. Há comunidades ditas quilombolas que têm habitantes de cor branca na maioria. As religiões evangélica e católica são as predominantes, sobrando muito pouco da religiosidade africana. Assim, sobra pouca coisa africana para a comunidade ser considerada quilombola. Portanto, o uso das palavras "quilombo" e "quilombola",  neste caso, fica equivocado.

 

 

06. Explique as palavras "Cafundó" e "Caxambu".

 

"Cafundó" significa lugar retirado, distante e de difícil acesso. Designa também qualquer local capaz de dar forte proteção a seus moradores. A explicação está de acordo com a localização da comunidade. Todos nós conhecemos este enunciado: "Aquele homem mora no cafundó do Judas". É um item que está incorporado ao vocabulário da língua portuguesa. De um sentido genérico, o item passou para um sentido particular: cafundó > Cafundó. O mesmo ocorreu com o nome da cidade portuguesa: porto > Porto. Cafundó pode ser também sobrenome com a mesma explicação anterior. É bem provável que na formação de Cafundó entre o morfema "ca-" que, nas línguas banto, indica carência, falha, diminuição, etc. Em português temos "caolho" e os itens lexicais de origem africana "camundongo" (rato pequeno) e "caçula" (filho mais novo e por isto mesmo o menor de uma família). Raimundo Pereira (1906), profundo conhecedor do Cafundó, afirmava ser a denominação Cafundó mais antiga que ele próprio. Por outro lado, é bom lembrar que, em muitos documentos do começo do século XX, os cafundoenses usam as denominações "Bairro do Sarapuí", "Barra do Sarapuí" e "Barra" quando se referem ao local de sua moradia. Provavelmente, o mesmo morfema está também em "Caxambu". Além de designar a comunidade negra de Salto de Pirapora, SP, a palavra “cafundó” pode ser usada como símbolo das comunidades negras. Exemplo: Existem muitos cafundós no Brasil.

 

 

07. Fale sobre a “cupópia” com exemplos e conte um pouco de sua História.

 

A "cupópia" é, antes de tudo, uma língua mista formada de várias línguas africanas. A "cupópia" é uma língua mista, pois tem um vocabulário africano próprio e desconhecido pelos falantes da língua portuguesa. Tal vocabulário é utilizado na estrutura do português rural da região onde a "cupópia" é praticada. Assim, podemos dizer que é uma língua mista.

De uma maneira bem simples, posso dizer que, com um vocabulário pequeno que não cobre o mundo dos objetos de seus falantes, a “cupópia” é obrigada a fazer grande uso de suas palavras, colocando-lhes muitos significados. Além disto, faz intenso uso de perífrases (combinação de duas ou mais palavras com um único significado).

 

Exemplos de palavras com tradução: arambuá = cachorro, ramunhau = gato, caméria = rosto, coçumbadô = captador, receptor, cupópia = fala, conversa, voz, ronco, fala africana do Cafundó nascida no antigo Caxambu, nangá = roupa, palulé = pé, coçumbadô = captador, receptor, caméria = rosto, curima = trabalho, atividade, sângi = ave, tec = noite, tata = homem, jocorocoto = velho, injó = casa, tenhora = instrumento, mucanda = escrita, cambererá = carne, vava = água.

Exemplos de perífrases com tradução: nangá do palulé = sapato, coçumbadô da caméria = máquina fotográfica, filmadora, curima do palulé = futebol, dança, sângi do tec = coruja, morcego, tata jocorocoto do injó = pai, avô, bisavô, tenhora da mucanda = caneta, lápis, cambererá do vava = peixe, coçumbadô da caméria = televisão, máquina fotográfica, filmadora, cupópia do arambuá = latido, cupópia do ramunhau = miado.

 

A “cupópia” não possui nenhum som diferente dos sons da língua portuguesa. A “cupópia” utiliza-se das realizações fonéticas do português rural, não possuindo nenhum som diferente que possa ser considerado peculiar de línguas africanas. Outro fato é que o português rural brasileiro não tem verbos terminados em r de que são exemplos cantá, falá, conversá, etc. Baseada na estrutura do português rural brasileiro, os infinitivos dos verbos da "cupópia" seguem espontaneamente também a estrutura fonética deste português. Exemplos: cupopiá, cuendá, coçumbá, conoá, etc. A “cupópia” não tem conoar, cupopiar, etc. As formas do tempo passado como "curimou", "cuendou", "cupopiou" também não existem. As formas verdadeiras são "curimô", "cuendô" e "cupopiô". Não é preciso ser nenhum lingüista para saber estas particularidades elementares.

 

A fala africana denominada “cupópia” nasceu na antiga Fazenda do Caxambu no século 19 e foi transportada para o Cafundó no começo do século 20. Houve tempos em que a “cupópia” foi falada nas duas comunidades. O Caxambu desapareceu como comunidade. Só o Cafundó tem um grupo permanente de usuários desta fala africana. O nome “fala” deve-se ao fato de seus usuários serem dotados apenas da oralidade. O termo “dialeto” usado em certos relatos, portanto, torna-se inadequado até porque para ser dialeto este tem que ser uma modalidade de uma língua.

Nota posterior do autor - No Cafundó com uma população de cerca de 80 habitantes em 2004, só existem 07 que têm ligação com a "cupópia". Para Tchê, morador de Salto de Pirapora e funcionário da Biblioteca Municipal, os mais novos do que Cida (que faleceu em 1999) por pronunciarem apenas algumas palavras da "cupópia", não podem ser considerados falantes desta. Portanto, depois de Cida, não há mais falantes da "cupópia". Depois de Cida, os outros estão apenas no nível lexical, sendo os seus textos bem obscuros. Por outro lado, quando alguns da região se declaram falantes da "cupópia", na verdade, eles estão tomados por entusiasmo por estarem sendo entrevistados. Na realidade, eles falam apenas algumas palavras, não conseguindo sair do nível lexical. Este assunto cabe bem no capítulo 17 da segunda edição do meu livro.

 

08. Cite erros (principalmente históricos) que não foram cometidos pelo senhor, mas que precisam ser corrigidos construtivamente em nome da verdade.

 

O Cafundó teve início com uma família de antigos escravos na época da Abolição ocorrida em 1888. Esta família, que morava na Ilha, era formada pelo casal Joaquim Congo e Ricarda e pelos filhos Antônia (ela é o único pivô de toda a história cafundoense que foi à área do Cafundó com seus filhos Crispim e Joaquim), Ifigênia, Maria Márcia, Faustina, Paulina e Serafim. Detalhes desta história podem ser encontrados no meu livro.

 

A “cupópia” de caráter secreto nasceu no século 19 no Caxambu (Sarapuí) e foi transportada para o Cafundó (Salto de Pirapora) no começo do século 20 quando do casamento de Nhô Caetano com Ifigênia. Documentos que encontrei e que estão citados em meu livro comprovam esta afirmação. Ezequiel de Almeida Caetano (1946) da Associação Afro-brasileira de Salto de Pirapora e Região não descarta a possibilidade de ter a "cupópia" sido praticada também na Fazenda do Pilar uma vez que grande era o relacionamento entre os escravos desta propriedade e os do Caxambu. Ligado historicamente à Fazenda do Pilar (errado dizer Fazendinha do Pilar), ele observa também que a família Caetano existia em ambas as propriedades cujos senhores eram dois irmãos. Pelos fatos históricos expostos, no Cafundó quase que só os Caetano (em número de sete) são falantes da "cupópia", língua mista formada de várias línguas africanas.

 

A "cupópia" é uma língua mista, pois tem um vocabulário africano próprio e desconhecido pelos falantes da língua portuguesa que é utilizado na estrutura do português. Por que várias línguas africanas? Porque os escravos tinham procedências diversas. Atualmente, a África possui cerca de 1400 línguas e 50 países. Cada país é multilíngüe. É evidente que apenas algumas línguas africanas entraram no Brasil com os escravos. Posteriormente, muitos falantes deixaram os seus casebres de barro com cobertura de sapé no Cafundó e no Caxambu e vieram para a periferia de Sorocaba, Salto de Pirapora e Votorantim em busca de melhores condições de vida. Desde 1950, o Caxambu já não mais existe como comunidade negra. Espalhados principalmente pela periferia de Salto de Pirapora e Sorocaba, os caxambuenses, bem mais velhos que os cafundoenses, ainda se lembram de algumas palavras da "cupópia". Eles protestam veementemente contra os que ligam a "cupópia" somente ao Cafundó, deixando-os de lado. Afirmam que a "cupópia" nasceu no Caxambu e, portanto, é patrimônio cultural que também lhes pertence por direito. Afirmam que eles, ao contrário dos cafundoenses, deixam de ficar conhecidos porque estão espalhados pela região sem um endereço único.

 

É bom lembrar também que somente 07 são os falantes da “cupópia” do Cafundó, comunidade atualmente com 80 habitantes e com 7,8 alqueires. Dois usuários faleceram há pouco tempo: Cida e João Géia. Em 2008, faleceu Ditão.

 

Outro fato que precisa ser destacado diz respeito à data da primeira reportagem sobre o Cafundó, a alguns fatos históricos e à "cupópia". Esta reportagem elaborada por J. C. Gonçalves e Luís Carriel de Oliveira foi publicada no jornal sorocabano "Cruzeiro do Sul" em 18.03.1978. Jornalista, assessor de imprensa e chefe de gabinete da Prefeitura Municipal de Salto de Pirapora, o Prof. Carriel (1946) afirma que, desde os primeiros dias de 1977, já visitava a comunidade do Cafundó junto com o prefeito Newton Guimarães e com membros da Legião Brasileira de Assistência. Destas visitas, Carriel guarda consigo muitos documentos e fotos que ele mesmo tirou. O meu livro traz duas destas fotos que ele gentilmente me ofereceu (p. 185). Uma destas pode ser observada nesta entrevista. Carriel e Gonçalves foram citados também numa reportagem do referido jornal do dia seguinte (19.03.1978) como visitantes do Cafundó no dia 10.03.1978. Carriel afirma que esta foi apenas uma das muitas visitas que fez ao Cafundó desde os primeiros dias de 1977. O referido jornal do dia 19.03.1978 continua tratando do Cafundó e da "cupópia" e, num determinado trecho, menciona a grande repercussão que teve a notícia do dia anterior (18.03.1978), exatamente a que foi elaborada por Carriel (fotos) e Gonçalves (texto). Ligado na época à Divisão de Cultura de Salto de Pirapora, Carriel, que até há pouco prestou auxílio aos cafundoenses através de cursos periódicos, não abre mão destas suas afirmações e se coloca à disposição dos jornalistas para quaisquer esclarecimentos sobre os fatos mencionados. Isto ele afirmou em seu discurso do lançamento do meu livro em dezembro de 2000 na cidade de Salto de Pirapora.  Ele deixa claro também que o Cafundó, como qualquer outro bairro, sempre foi conhecido de toda a população do município de Salto de Pirapora. Sobre este assunto, é interessante consultar na seção "Reportagens" deste site, o título "Prof. Carriel fala no lançamento do livro em Salto de Pirapora". Neste item, há inclusive documentos comprobatórios de seu discurso. Ele reclama também que algumas fotos que ele tirou do Cafundó foram indevidamente usadas.

 

Outro fato que merece ser destacado diz respeito ao proprietário Joaquim Leme de Campos (1841-1922 mais ou menos). Na verdade, conforme documentos, ele e sua mulher Leopoldina (1859-1925) casaram-se em 25.02.1873 e foram pais de vários filhos. No meu livro, eu cito quatro filhos: Juventina, José Leme de Campos Sobrinho, Olímpia (mais ou menos 1877-1938) e Evangelina ou Nhá Gina. No meu livro, já há genros e noras de Joaquim Leme de Campos. A genealogia deste proprietário está atualmente bastante ampliada por mim. Elvira Batista (1916) nasceu na propriedade do casal Joaquim-Leopoldina em Jundiacanga (Araçoiaba da Serra) onde trabalhou. Ela viu o casal falecer e só saiu da propriedade em 1932 onde ela morava com Olímpia.

 

Outro fato que merece uma observação se refere ao local onde morou Otávio Caetano (1920-1988). Ele morou de 1949 a 1967 atrás do Rio Sarapu não muito longe do Cafundó com a viúva e branca Benedita Marcelina Rosa que foi mulher de Firmino Jacinto de Camargo, falecido em 1944. Esta informação é do próprio filho do casal Firmino-Benedita Marcelina chamado Natalino Camargo (1942). Só depois da morte de Benedita Marcelina em 1967 é que Otávio Caetano passou a viver sozinho no Cafundó até o seu falecimento.

 

Merecem destaque também os nomes dos proprietários da Fazendinha dos Pretos que são José de Almeida Lara (é José mesmo) e Jesuíno de Cerqueira César que vendeu em 1874 uma área para José Joaquim de Camargo no local denominado Quilombo.

 

A respeito da "cupópia", alguns fatos precisam ser comentados:

(a) Primeiramente, devo dizer que a “cupópia” não possui nenhum som diferente dos sons da língua portuguesa. A “cupópia” utiliza-se das realizações fonéticas do português rural, não possuindo nenhum som diferente que possa ser considerado peculiar de línguas africanas.

(b) Outro fato é que o português rural brasileiro não tem verbos terminados em "r" de que são exemplos cantá, falá, conversá, etc. Baseada na estrutura deste português rural, os infinitivos dos verbos da "cupópia" seguem espontaneamente também a estrutura fonética deste português. Exemplos: cupopiá, cuendá, coçumbá, conoá, etc. A “cupópia” não tem conoar, cupopiar, etc.

(c) As formas do tempo passado como "curimou", "cuendou", "cupopiou" também não existem. As formas verdadeiras são "curimô", "cuendô" e "cupopiô". Não é preciso ser nenhum lingüista para saber estas particularidades elementares.

(d) No Cafundó, apenas alguns moradores são usuários da "cupópia". São 07 ou 08 com Ditão que mora na fronteira do Cafundó. Em 2008, faleceu Ditão. Espalhados pela região, há outros usuários bastante parciais da "cupópia" cafundoense e caxambuense.

 

Finalmente, apresento, de modo rápido e construtivo, mais estes equívocos na mídia que ocorrem devido à complexidade do assunto:

 

(a) Dizer que a área do Cafundó foi dada para Ifigênia II.

(b) Dizer que o Cafundó é quilombo (no sentido tradicional desta palavra).

(c) Dizer que o Cafundó teve início em 1866.

(d) Dizer que na região era comum as terras serem adquiridas por ex-escravos. No meu livro, só há um caso.

(e) Dizer de modo tendencioso que o Cafundó sofre invasões diárias.

(f) Focalizar como falante da "cupópia" pessoa que não figura na lista de falantes.

(g) Dizer que todos os moradores do Cafundó são falantes da "cupópia".

(h) Apresentar lista de comunidades negras da região de Sorocaba como se estas existissem ainda hoje.

(i) Falar tendenciosamente de direitos de descendentes de antigos escravos sem ouvir a parte em contrário e os órgãos do governo brasileiro que cuidam do assunto.

Apresentar fatos unilateralmente baseados somente em relatos orais que nem sempre estão de acordo com os documentos.

(j) Chamar a antiga Fazenda do Pilar de Fazendinha do Pilar.

(k) Dizer que no Cafundó há um conjunto de músicas africanas.

(l) Dizer que, nos anos 70, houve festival de música africana no Cafundó.

(m) Chamar Joaquim Congo de João Congo.

(n) Dizer que as duas famílias do Cafundó são iguais do ponto de vista comportamental.

(o) Dizer que o antigo proprietário Joaquim Manuel de Oliveira está ligado à antiga Fazenda Caxambu.

(p) Dizer que Joaquim Manuel de Oliveira doou terras e liberdade a seus escravos.

(q) Focalizar no Cafundó só a família Caetano, deixando de lado os Pires Pedroso.

(r) Dar a entender ao público que os moradores do Cafundó vivem todo o seu quotidiano com trajes africanos.

(s) Dizer que Ifigênia II do Cafundó era mulher de Caetano Manuel de Almeida.

(t) Chamar a "cupópia" de "cucópia" ou "cupóia".

(u) Chamar Joaquim Pires Pedroso de Joaquim Pires Cardoso.

 

 

09. João de Camargo tem algo a ver com o Cafundó?

 

Não, se Cafundó for entendido como a comunidade negra de Salto de Pirapora. O negro João de Camargo (1858-1942) nasceu em Cocais (Sarapuí) na propriedade de Luís de Camargo Barros de quem foi escravo. O meu livro focaliza este proprietário, inclusive o resumo de seu inventário. Naquele tempo, era costume o escravo levar o sobrenome do seu “sinhô“. Quando João de Camargo começava a sua atuação religiosa na cidade de Sorocaba (início do séc. 20), estava entrando no Cafundó a “cupópia”, nascida no séc. 19 no Caxambu (Sarapuí). Do ponto de vista genealógico e lingüístico, João de Camargo Barros nada tem a ver com o Cafundó. É bom esclarecer que o início do Cafundó e a entrada da “cupópia” no Cafundó possuem datas diferentes. O Cafundó surgiu no ano da Abolição (1888) e a “cupópia” entrou nesta comunidade proveniente do Caxambu no começo do séc. 20 como posso provar documentalmente em meu livro.

Nhô Caetano era casado com Antoninha e morava no Caxambu. No começo do século 20, ele teve uma segunda união com Ifigênia II do Cafundó. O casal ficou então morando no Cafundó. O primeiro filho desta segunda união nasceu no Cafundó no ano de 1905 conforme documento que eu consegui encontrar cujos detalhes estão no livro. Esta segunda união é que marca a entrada da "cupópia" no Cafundó.

Como já disse, quando João de Camargo começava a sua atuação religiosa na cidade de Sorocaba (início do séc. 20), estava entrando no Cafundó a “cupópia”, nascida no séc. 19 no Caxambu (Sarapuí). Assim, não houve nenhuma influência da "cupópia" cafundoense em João de Camargo. João de Camargo pode ter tido contato com a "cupópia", mas só se for a "cupópia" do Caxambu, dado o local de seu nascimento. Isto, porém, fica apenas no campo da hipótese.

Por outro lado, a palavra "Cafundó" pode ser empregada como símbolo de todas as comunidades negras do Brasil.

Devemos acrescentar que a palavra em foco pertence à língua portuguesa e é usada com o significado de "lugar distante de acesso difícil". Neste sentido, é muito usada por todos. É este o primeiro sentido desta palavra de origem africana. Todos conhecem a frase "Fulano mora no Cafundó do Judas".

 

 

10. O senhor poderia citar um conto do folclore da região que está em seu livro?

 

Durante as minhas pesquisas, procurei recolher contos do folclore brasileiro em que aparecem saci, lobisomem, mula-sem-cabeça, boitatá, mãe-de-ouro, assombração, tesouro enterrado, alma de outro mundo, etc.

O falecido Dorvo do Caxambu costumava contar histórias humorísticas como esta: “Um homem ficou sabendo da existência de um tesouro enterrado. Foi desenterrá-lo em companhia de sua mulher a quem pediu total silêncio, pois qualquer ruído durante o desenterramento de tesouros pode deixá-los encantados. Algum tempo depois, ele começou a sentir cheiro de carvão, o que evidenciava que o tesouro estava próximo a surgir. Já estava tirando a enorme pedra que tampava o tesouro, quando sentiu fortíssimas mordidas na nuca, fato que revelava que alguma alma estava tentando impedir o desenterramento. Entendido em tesouros e muito valente, não se importou com isto. O tesouro já ia aparecer-lhe diante dos olhos quando sua mulher lhe perguntou as horas. Foi o suficiente para que tudo desaparecesse por encanto. Eles tiveram que voltar sem nada para casa, perdendo uma excelente oportunidade de ficarem ricos.”

Outra pessoa bastante interessante que aparece no livro é Ditão. Vejamos um trecho de uma de suas narrações:

Ditão (22.10.1934) afirma que antigamente tudo era sertão na região do Cafundó. Suas densas florestas possuíam até jaguatiricas além de outros animais selvagens. Para não retornar diariamente ao Cafundó, já que o percurso de volta à comunidade era longo, Ditão, por muitos anos, preferiu dormir debaixo de árvores das proximidades dos locais onde ele estava trabalhando. Ele retornava periodicamente ao Cafundó. Benedito Norberto de Almeida (Ditão) recebeu muitos convites para morar em casa de proprietários para quem trabalhava, mas ele preferia viver no mato cerrado dos arredores do Cafundó. Para enfrentar os perigos, ele tinha consigo uma foice, um facão e uma espingarda. Nas horas de folga, pescava cascudo, bagres e tabaranas. Caçava tatus, cotias e capivaras. Várias cobras passavam perto dele, mas ele delas se afastava. Não foram poucas as vezes que pescadores se assustaram com ele dormindo debaixo de árvores à beira do rio. Pensando que se tratava de assombração, muitos fugiam gritando. Ditão viu muitos boitatás nos morros quando andava à noite pela estrada da Barra. Numa noite, veio conversando com um senhor que encontrou no meio do caminho todo vestido de preto e também com chapéu preto

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11. Qual a importância cultural do livro? Cite algumas contribuições do livro.

 

A “cupópia” está em fase terminal e é preciso que antes de seu desaparecimento esta fique registrada em livro. Isto é previsível, já que os usuários mais velhos, numa atitude de resistência cultural, não abandonaram a “cupópia” e os mais novos, numa atitude de rendição cultural, preferem ignorá-la para não ficarem à margem da sociedade brasileira. O livro é importante também por seus aspectos folclóricos, históricos e fundiários uma vez que trata de propriedades rurais e a trajetória do negro escravo numa região do Brasil. As utilidades do livro podem ser encontradas neste site. Não posso deixar de mencionar também que uma grande contribuição do livro está no aperfeiçoamento da História dos municípios envolvidos no livro. Por exemplo, achamos e examinamos muitos documentos que ampliaram bem a História de Pilar do Sul que se encontra no livro.

 

 

12. Qual a repercussão do seu livro? O senhor poderia fazer uma síntese das notícias sobre o autor e o livro nos veículos de comunicação?

Depois da defesa do Doutorado na Universidade de São Paulo em 1993 e da publicação do livro em 2000, o referido estudo foi objeto de reportagens em jornais locais, regionais e nacionais como O Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil do Rio de Janeiro (30.10.1994), Caderno Ciência e Tecnologia do jornal O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo. Em relação à imprensa falada, houve reportagens com o próprio autor na televisão (TV Cultura e TV Rural de São Paulo, TV Aliança Paulista e TV Legislativa de Sorocaba) e em emissoras de rádio de Sorocaba e de algumas capitais (Rádio Cultura de São Paulo, Rádio Gaúcha de Porto Alegre). As reportagens destas últimas tiveram alcance nacional. A BBC de Londres e a Rádio França Internacional também fizeram reportagens em língua portuguesa em sua programação dominical em ondas curtas. Matérias foram publicadas também em revistas (Família Cristã – 719, Revista da Folha de 14.05.1995, Revista Isto É – 1409) e científicas (Boletim de Estudos Crioulos da Universidade de Brasília e Jornal da Ciência do Rio Janeiro – 463, publicação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência de 03.08.2001). O autor recebeu visitas de membros do corpo docente da USP e de uma universidade norte-americana além de um pesquisador de Moçambique, realizando estudos na USP. Escreveu também artigos para jornais locais e regionais bem como fez palestras e comunicações, sendo uma delas para o congresso de estudos africanos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência realizado na Universidade de São Paulo em 1992. A lista completa da repercussão do estudo até o lançamento do livro em 2000 encontra-se depois da bibliografia do mesmo. Em 2003, houve reportagens na TV Cultura e na Rádio USP. Ainda no referido ano, um artigo do autor sobre a "cupópia" foi publicado na revista Papia número 13 da Universidade de Brasília. Reportagens on line também podem ser acessadas neste site em Links.

Houve muitas reportagens sobre o livro e entrevistas com o autor em revistas, enciclopédias, sites, jornais, rádios e TVs. O Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) mencionou a tese de Doutorado e o livro em seus relatórios técnico-científicos. O livro foi lembrado também em certos congressos científicos brasileiros e estrangeiros. O livro e o autor foram citados também em trabalhos de conclusão de graduação de faculdades, em dissertações de Mestrado e em teses de Doutorado de universidades. O livro e o autor foram mencionados em artigos lingüísticos ou históricos de pesquisadores nacionais e estrangeiros. Enfim, o livro e o autor foram citados por todos os tipos de mídia brasileiros ou não (impressa, on-line, radiofônica, televisiva, etc.).

Tudo isto também pode ser conferido nas seções "Atividades" e "Reportagens" deste site que se referem apenas à primeira edição do livro. Já a segunda edição do livro de 2009 tem página única neste site na qual o leitor deverá consultar a seção "Reportagens" (clique aqui).

 

13. Onde o seu livro pode ser consultado?

O livro não comercial foi distribuído pela Prefeiura de Sorocaba às bibliotecas escolares, públicas, universitárias, municipais, etc. Lista de apenas alguns locais onde o livro pode ser consultado: Pilar do Sul, Sarapuí, Araçoiaba da Serra, Itapetininga, Salto de Pirapora, Itu, Guareí, Porto Feliz, Tatuí, Piedade e Votorantim. Em Pilar do Sul, o livro está na Associação Comercial e no escritório da Igreja Matriz. Em Salto de Pirapora, o livro está na Biblioteca Municipal, na Câmara Municipal e na E.E. Afonso Vergueiro. Em Sorocaba, o livro pode ser encontrado nas bibliotecas municipais em frente da ACM e ao lado da Prefeitura Municipal. Encontra-se também nas bibliotecas do Museu Histórico Sorocabano do Parque e Zoológico Quinzinho de Barros, do Museu Ferroviário, do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba (IHGGS) e no Gabinete de Leitura Sorocabano. Em Sorocaba, o livro está também em toda a rede de ensino, no site VIVAcidade (www.vivacidade.com.br), nos jornais Diário de Sorocaba e Cruzeiro do Sul, em algumas faculdades e instituições culturais. Em Itapetininga, o livro está no Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico (IHGGI), no Instituto de Educação Peixoto Gomide, no Jornal Nossa Terra, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e na Biblioteca Municipal. O livro pode ser encontrado também em universidades brasileiras nos departamentos de Lingüística, Sociologia, História e Antropologia. Em Brasília, o livro encontra-se na Universidade de Brasília (Departamento de Lingüística), na Fundação Cultural Palmares e na Procuradoria Geral da República. Na cidade do Rio de Janeiro, a obra é encontrada na Biblioteca Nacional. Na cidade de São Paulo, o livro está na Universidade de São Paulo (Departamentos de Lingüística, de Sociologia e de Antropologia, Centro de Estudos Africanos, Escola de Comunicações e Artes, Núcleo de Consciência Negra e Biblioteca Central), no Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP), na biblioteca da TV Cultura, na Biblioteca Mário de Andrade, na Biblioteca Municipal Sérgio Milliet do Centro Cultural São Paulo (Rua Vergueiro, 1000, Paraíso) e no Arquivo do Estado de São Paulo - AESP (Rua Voluntários da Pátria, 596, Santana). Em Lages, SC, o livro está na biblioteca do Museu Thiago de Castro. Uma lista mais completa com os locais onde o livro pode ser consultado encontra-se neste site, na seção "Livro". Esta lista está sujeita a ser aumentada com o passar do tempo.

Nota - Veja esta lista também na seção Livro da primeira edição e na página referente à segunda edição.

 

14. Como surgiram os seus sites?

 

Comecei a receber grande quantidade de e-mails de pessoas de todas as partes do Brasil envolvidas com o conteúdo dos livros. Daí, achei interessante criar os sites que lhes dessem notícias dos mesmos.

 

 

15. Poderia fornecer um fato curioso de um e-mail que o senhor recebeu?

 

Um brasileiro vivendo na Patagônia enviou-me e-mail informando-me que sua esposa estava às vésperas do parto e manifestou-me o desejo de colocar no bebê um nome da "cupópia". Então, eu lhe enviei algumas palavras a título de colaboração.

 

 

16. É verdade que o senhor tem parentesco com o historiador Aluísio de Almeida (Monsenhor Luís Castanho de Almeida ou Padre Castanho) que morou em Sorocaba?

 

Sim. Inclusive num dos livros que ele me presenteou, ele fez uma dedicatória me chamando de primo. Isto não me causou surpresa já que temos uma ascendência comum e nascemos na mesma cidade de Guareí, SP. A nossa genealogia é mostrada no livro “Guareí” de minha autoria e que foi lançado pela Prefeitura e Câmara Municipal de Guareí em 2004. Maiores detalhes estão na seção Espaço do livro “Guareí” (clique aqui)

 

 

17. O senhor escreveu artigos para jornais, revistas e sites?

 

Escrevi para os jornais Diário de Sorocaba e Nossa Terra de Itapetininga. Atividades referentes ao próprio conteúdo do livro impediram-me de continuar as atividades nos referidos jornais.

Escrevi também artigos específicos para a Revista Papia  número13 da UnB e para a Revista da Uniso. 

Movido por grande indignação diante da atual situação do Brasil em seus vários setores, escrevi em 28.07.2007 um artigo político denominado "Brasil: Apagões e Sugestões (para as reformas)". Com este artigo, recebi e continuo recebendo manifestações de apreço de pessoas e entidades de vários pontos do Brasil. O artigo pode ser lido na íntegra no site de jornalismo, publicidade, turismo e cidadania de Sorocaba denominado VIVAcidade que, mensalmente, vem recebendo milhares de visitas. O interessado poderá ler o referido artigo clicando este link direto (clique aqui) ou buscar pelo nome do artigo na área "Textos e Notícias" do site VIVAcidade no endereço www.vivacidade.com.br. O mencionado artigo foi publicado também no site do Instituto Brasil Verdade (clique aqui).

 

 

18. Há novo projeto?

 

Como cientista, não posso considerar definitivos os meus estudos. Desta forma, mesmo depois da publicação do livro em fins de 2000 pela Secretaria da Educação e Cultura de Sorocaba, os estudos prosseguem incessantemente.

 

 

19. Qual o mais importante documento que o senhor encontrou nesta pesquisa?

 

Foram vários documentos cujas resenhas estão no livro.

Destaco o registro que Nhô Caetano fez de seu filho Jacó com a sua primeira mulher e de seus filhos com a segunda mulher. Este registro marca a data de entrada da "cupópia" no Cafundó.

Cito também as prestações de contas testamentárias de alguns proprietários antigos.

Há muitos outros documentos de grande importância.

 

 

20. O senhor escreveu algum artigo sobre o tropeirismo?

 

Sim. O nome do artigo que está publicado neste site é este: "A rota Sorocaba e região para o sul e vice-versa: tropeirismo, movimentações e migrações". Este foi também publicado em jornais impressos e em jornais on line.

 

 

21. O que é para o senhor uma pesquisa?

 

É a soma de esforços em busca da verdade científica. Nesta, não há lugar para vaidade.

 

22. Quais são os sites dos livros?

http://www.cafundo.site.br.com

 

http://inforum.insite.com.br/8400 (arquivo de mensagens de leitores)

 

 

 

 

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